A história do Concorde: o avião que voava mais rápido que o som


A história do Concorde: o avião que voava mais rápido que o som


O Concorde foi um avião comercial supersônico que mudou a aviação no século XX. Capaz de voar a mais de duas vezes a velocidade do som, o Concorde reduzia drasticamente o tempo de viagem entre os continentes, mas também enfrentava diversos desafios técnicos, econômicos e ambientais. Neste artigo, vamos conhecer a história do Concorde, desde o seu nascimento até a sua aposentadoria.


#O nascimento do Concorde


O Concorde foi fruto de uma parceria entre o Reino Unido e a França, que assinaram um tratado em 1962 para desenvolver um avião supersônico para o transporte de passageiros. O nome do avião simbolizava essa união: Concorde em francês tem o mesmo significado que a palavra equivalente na língua inglesa Concord: ambas significam acordo, união, harmonia.


O projeto do Concorde foi liderado pelas empresas britânicas British Aircraft Company (BAC) e Rolls Royce, e pela francesa Aérospatiale e a Société Nationale d’Étude et de Construction de Moteurs d’Aviation (SNECMA), sendo as primeiras responsáveis pelo desenvolvimento da aeronave, e as segundas pelo desenvolvimento dos motores.


O Concorde tinha um design inovador, com asas em delta, quatro motores a jato e nariz articulado, que baixava nos pousos e decolagens dando um melhor campo de visão aos pilotos, e mantinha-se alinhado à fuselagem durante o voo para melhor aerodinâmica. O avião tinha 62,1 m de comprimento, 11,3 m de altura e 25,5 m de envergadura (distância da ponta de uma asa a outra). Cada um de seus quatro motores RR-Snecma Olympus 593 geravam 38 mil libras de empuxo no pós-combustor.


O primeiro voo teste do Concorde aconteceu em 2 de março de 1969, quatro meses antes do homem pisar na lua. O piloto francês Andre Turcat decolou de Toulouse e fez um voo de 27 minutos, atingindo a velocidade de 480 km/h. O mundo via pela primeira vez aquele avião com formato diferente, que prometia revolucionar a aviação comercial.


#O Concorde em operação


O Concorde começou a operar comercialmente em 21 de janeiro de 1976, com dois voos simultâneos: um da Air France partindo de Paris para o Rio de Janeiro, com escala em Dakar, e outro da British Airways partindo de Londres para o Bahrain. O Concorde era capaz de voar a uma velocidade máxima de Mach 2,23 (2.370 km/h), o que significa que ele podia voar duas vezes mais rápido que o som. Com isso, ele reduzia o tempo de viagem entre a Europa e a América do Norte pela metade, levando cerca de três horas e meia para cruzar o Oceano Atlântico.

O Concorde era um avião de luxo, destinado a um público seleto que podia pagar pelas passagens caras. O avião tinha capacidade para 100 passageiros, distribuídos em 40 assentos na parte dianteira e 60 na parte traseira. Os assentos eram de couro e reclináveis, e o serviço de bordo incluía champanhe, caviar e lagosta. Entre os passageiros famosos do Concorde estavam celebridades como Elizabeth Taylor, Paul McCartney, Mick Jagger, Madonna, Diana Spencer e até a Rainha Elizabeth II.


O Concorde também bateu vários recordes de velocidade e altitude. Em 1973, ele atingiu a maior altitude de um avião comercial, com 20 mil metros (a média de um voo transatlântico, até hoje, é 11 mil). Em 1974, ele atingiu a maior velocidade de um avião comercial, com Mach 2,23. Em 1992, ele fez a circunavegação da Terra mais rápida, em 32 horas, 49 minutos e 3 segundos, partindo de Lisboa e parando para reabastecer seis vezes, em Santo Domingo, Acapulco, Honolulu, Guam, Bangkok e Bahrain.


# O fim do Concorde


O Concorde, apesar de ser um avião pioneiro e prestigiado, também enfrentava diversos problemas. O seu alto consumo de combustível, o seu alto nível de ruído, o seu alto custo de manutenção e o seu impacto ambiental limitavam a sua operação e a sua rentabilidade. Além disso, o Concorde enfrentava a concorrência de aviões subsônicos mais eficientes e de baixo risco, como o Boeing 747.


O Concorde foi encomendado por diversas companhias aéreas, mas apenas a Air France e a British Airways o colocaram em serviço. Ao todo, foram fabricados apenas 20 aviões Concorde, sendo seis protótipos e 14 comerciais. Fabricar um Concorde, em 1977, custava 23 milhões de libras, o equivalente a 140 milhões de libras hoje. O consumo de combustível na velocidade Mach 2 e a 18 mil metros de altitude era de 22 mil litros por hora. Além disso, o Concorde queimava 2 toneladas de combustível apenas no momento de taxiar na pista.


O Concorde também enfrentou restrições de voo em alguns países, devido ao seu barulho e à sua emissão de poluentes. O Concorde produzia um estrondo sônico quando ultrapassava a velocidade do som, o que causava incômodo e até danos às pessoas e às construções no solo. Por isso, o Concorde só podia voar em velocidade supersônica sobre o oceano ou áreas desabitadas. O Concorde também emitia uma grande quantidade de óxidos de nitrogênio, que contribuíam para o aquecimento global e para a destruição da camada de ozônio.


O Concorde teve apenas um acidente fatal em toda a sua história, mas foi o suficiente para abalar a sua reputação e a sua viabilidade. Em 25 de julho de 2000, o voo AF 4590 da Air France partiu de Paris com destino a Nova York, mas logo após a decolagem, o avião pegou fogo e caiu em um hotel próximo ao aeroporto, matando todos os 109 ocupantes a bordo e mais quatro pessoas em solo. A investigação revelou que o acidente foi causado por uma peça metálica que se soltou de outro avião na pista, e que perfurou um dos pneus do Concorde, que por sua vez atingiu um tanque de combustível e provocou um incêndio.


Após o acidente, todos os aviões Concorde foram retirados de operação para passar por uma série de modificações de segurança, que incluíam a instalação de tanques de combustível mais resistentes, de pneus reforçados e de sistemas de extinção de incêndio. O Concorde voltou a voar em 2001, mas com uma demanda reduzida e um custo elevado. Em 2003, a Air France e a British Airways anunciaram o fim dos voos do Concorde, alegando motivos econômicos e comerciais.


O último voo comercial do Concorde foi realizado em 24 de outubro de 2003, pela British Airways, partindo de Nova York para Londres. O avião foi então aposentado e distribuído para museus e colecionadores pelo mundo. O Concorde deixou um legado de inovação e ousadia na história da aviação, mas também de desafios e limitações. Hoje, ele é lembrado como um ícone da tecnologia e da elegância, mas também como um símbolo de uma era que não se repetiu.

Imagens Internet.

Fonte Mundo Aviação Brasil

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